O movimento pede a libertação das sete lideranças bahá'ís e demais prisioneiros de consciência no Irã
Voluntários estendem a obra de Siron Franco em Copacabana |
No domingo, 5 de maio, as areias de Copacabana (RJ) receberam banner de 10 X 15 metros. A imagem criada pelo artista plástico Siron Franco representa um pássaro e lembra a detenção das sete lideranças bahá’ís, além de centenas de outros prisioneiros de consciência existentes no Irã. Aproximadamente 30 membros da Comunidade Bahá'í do Brasil distribuíram folhetos e conversaram com a população. O principal objetivo é chamar a atenção da comunidade internacional.
A programação no Rio de Janeiro começou às 10h da manhã e contou com a presença da Anistia Internacional, representada pelo assessor de política externa e direitos humanos, Dr. Maurício Santoro; da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro, representada por Cláudio José Miranda; da Sociedade Brasileira de Médicos pela Paz, representada por Farhad Shayani; além do babalaô Ivanir dos Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas.
Maurício lembrou que a Anistia Internacional surgiu para defender presos de consciência e destacou a situação vivenciada no Irã. “O caso das lideranças bahá'ís não é uma exceção. Há pelo menos mais 170 bahá'ís presos, além da perseguição a outras minorias. A história dos Direitos Humanos é inseparável da liberdade religiosa”.
Fahad ressaltou que esse tipo de violação pode acontecer com qualquer pessoa. “Não imaginem que isso não possa ocorrer no Brasil. Registre o seu protesto e diga: os bahá'ís devem ser libertados porque são inocentes”.
O bahá'í iraniano Ramim Shams teve que deixar seu país natal devido às perseguições que sofreu. “Desde 1979 os bahá'ís são perseguidos. Minha casa foi invadida. Meus amigos foram perseguidos. Então com 17 anos não pude entrar na faculdade por ser bahá'í. Tive que deixar meu país para buscar oportunidades. Por favor se expressem, porque isso pode ajudar as pessoas que são perseguidas no Irã”, contou.
Siron Franco não pôde comparecer a manifestação, mas, por telefone, ressaltou a representatividade da imagem. “A situação dos bahá’ís no Irã é muito preocupante. Acredito que os seres humanos devem ser livres como pássaros e esse é o objetivo da minha obra, defender a liberdade desses indivíduos”.
Segundo a representante da Comunidade Bahá'í do Brasil, Mary Aune, é preciso aumentar o clamor internacional. “Presos de consciência são aqueles perseguidos apenas por acreditar em algo. No caso dos bahá'ís do Irã, por professar uma fé que não é a do Estado Iraniano. E é a pressão internacional que pode promover a mudança desse quadro”, afirmou.
A Campanha Cinco Anos – Basta é promovida pela Comunidade Internacional Bahá'í e no decorrer das próximas duas semanas, terá capítulos em Washington (EUA), Haia (Holanda), Paris (França), Londres (Reino Unido), Toronto (Canadá) e outras cidades pelo mundo.
Arte e liberdade
Além da intervenção visual de Siron Franco, foram expostos também dois poemas escritos por jovens bahá'ís brasileiros. Para o paulista Nader Vahdat, formado recentemente em Administração de Empresas, é preciso conscientizar a sociedade sobre a situação dos bahá’ís no Irã. “Resolvi expressar minhas ansiedades e pensamentos para que outras pessoas também parem para pensar e refletir sobre a importância de buscar soluções para a eliminação do preconceito religioso”.
Já o estudante de artes plásticas da Universidade de Brasília, Lucas Rodrigo dos Santos, afirma que uma das motivações para escrever o poema foi externar a tristeza pelo sofrimento do semelhante. “Somos irmãos, é fácil sentir por eles. Escrever o poema foi apenas uma catarse, uma tentativa de mostrar que eles não estão sozinhos”.
Entenda o caso
Presas desde de 2008, as sete lideranças bahá’ís são: Sra. Fariba Kamalabadi, Sr. Jamaloddin Khanjani, Sr. Afif Naeimi, Sr. Saeid Rezaie, Sra. Mahvash Sabet, Sr. Behrouz Tavakkoli, e Sr. Vahid Tizfahm. Cerca de 20 meses depois, ainda sem acusação formal, iniciou-se um julgamento em 12 de janeiro de 2010. Os advogados que acompanham o caso tiveram, em todo esse tempo, cerca de uma hora para se encontrar com os prisioneiros, e apenas poucos dias antes do julgamento tiveram acesso aos autos do processo.
Entre as acusações apresentadas contra os sete estão “espionagem, propaganda contra a República Islâmica, e estabelecimento de uma administração ilegal” – todas completa e categoricamente rejeitadas pelos réus. Após o julgamento, mesmo sem a apresentação de qualquer prova que os incriminasse, os sete foram condenados a 20 anos de prisão.
O artista
Nascido em Goiás em 1947, Siron Franco já produziu mais de 3.000 obras, entre desenhos, pinturas, esculturas e intervenções urbanas. Muitos de seus trabalhos se dedicam a temas relacionados aos direitos humanos e temas de relevância social, como é o caso do Monumento à Paz, inaugurado na ECO-92 e restaurado para a Rio+20.
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