* Por Naim Eghrari
Santuário do Báb, em Haifa, Israel |
Em meados do século XIX, as mentes na Pérsia, atual Irã, estavam voltadas para questões transcendais. Os filósofos vivam em busca de novas fórmulas, e as almas feridas e violentadas pelas injustiças e debilidades da época se entregaram com veemência à promessa de uma nova ordem mundial, revelada pelo jovem Siyyid 'Ali-Muhammad, que mais tarde ficou conhecido como “O Báb”.
Ele falava da necessidade de renovação da espiritualidade, da igualdade entre mulheres e homens e da degeneração de uma sociedade corrompida pela ganância e materialismo. Anunciava que a chegada do Prometido de todas as religiões, Bahá’u’lláh, estava próxima, e que a humanidade precisava preparar-se para esse tão esperado momento. O número de Seus seguidores aumentava rapidamente, o que era visto pelas autoridades locais como uma ameaça.
O jovem Báb sentia se aproximar a hora da sua morte e, frequentemente, referia-se a ela com um pensamento não somente familiar, mas quiçá desejável. “Ó Tu, Remanescente de Deus! Sacrifiquei-me inteiramente por Ti; aceitei maldição por amor a Ti, e jamais ansiei por outra coisa, senão o martírio no caminho de Teu amor. Testemunha suficiente para mim é Deus, o Excelso, o Protetor, o Ancião dos Dias”, declarou em prece.
A crescente influência desse jovem de apenas 25 anos levou o primeiro ministro do país, subordinado ao soberano Xá, a planejar modos de silenciar o alvoroço que Seus ensinamentos vinham trazendo. “Nada menos que a execução pública poderá restaurar a tranquilidade e paz deste país desvairado”, sentenciou.
A ordem para executar o Prisioneiro não tardou a chegar; qualquer pessoa que professasse ser Seu seguidor seria também condenada à morte. O regimento armênio, cujo coronel era Sám Khán, recebeu ordens para fuzilá-Lo no pátio do quartel, no centro da cidade de Tabríz. Naquele domingo, 9 de julho de 1850, a cidade testemunhou uma comoção tremenda quando o Báb foi conduzido ao lugar destinado ao seu martírio.
O coronel sentia-se cada vez mais afetado pelo comportamento de seu Cativo e pelo tratamento que Ele recebia. Apoderou-se dele grande medo de que, com sua ação, atraísse sobre si a ira de Deus. Então, explicou ao Báb que não desejava tirar Sua vida e o Báb o tranquilizou: “A vontade de Deus sera feita”.
O Prisioneiro foi então suspenso por cabos, e logo um regimento de soldados armênios se dispôs em três fileiras, cada uma de duzentos e cinquenta homens, os quais receberam ordens de abrir fogo. Tão espessa foi a fumaça proveniente dos tiros dos setecentos e cinquenta fuzis que a luz do sol se converteu em trevas. Contudo, assim que a nuvem de fumaça se dissipou, uma assombrada multidão contemplou os cabos despedaçados - mas nenhum corpo.
O Báb foi encontrado sentado na mesma cela em que passara a noite anterior, ocupado em finalizar as orientações que passava a seu secretário, Siyyid Husayn, quando foi interrompido pelos soldados que o conduziram ao pátio momentos antes. Uma expressão de imperturbável calma se manifestava em Sua face. Seu corpo estava ileso. “Terminei Minha conversação”, declarou Ele, após alguns instantes. “Agora podeis proceder ao cumprimento de vossa intenção.”
Sám Khán ficou atônito diante do que presenciara e ordenou que seus homens saíssem imediatamente do quartel, recusando-se a causar qualquer dano ao Báb. O coronel da guarda pessoal do Xá ofereceu-se, então, para cumprir a ordem de execução, que desta vez cumpriu o objetivo de despedaçar o corpo do jovem Prisioneiro. Naquele exato momento, um vendaval varreu a cidade inteira e um redemoinho de pó obscureceu a luz do sol, cegando os olhos do povo, do meio-dia até à noite.
O corpo esmigalhado foi deixado a margem de um fosso, fora do portão da cidade, e guardas receberam ordens de revesar-se em turnos para vigiá-lo. Na segunda noite após o martírio, dois seguidores do Báb conseguiram burlar a segurança e transportaram Seus restos mortais para uma fábrica de seda, onde foram colocados em um caixão e transferidos para um lugar seguro.
Hoje, Seus restos mortais repousam em um belíssimo Santuário, no Monte Carmelo, em Haifa, Israel, rodeado de jardins exuberantes. Seu sacrifício para anunciar a vinda de Bahá’u’lláh, mais recente Manifestante de Deus fundador da Fé Bahá’í, ajudou a originar a segunda religião mais difundida do mundo, com 7 milhões de fiéis espalhados ao redor do globo. Contudo, os mais de 300 mil seguidores da Fé Bahá’í no Irã continuam sofrendo com a perseguição, detenção, tortura e violação de direitos, promovidas por uma política de estado.
Na próxima terça-feira, 9 de julho de 2013, esses milhões de bahá’ís voltarão suas preces para Aquele que foi o precursor de sua Fé. O compromisso com os princípios delineados durante Seus poucos anos de Ministério, posteriormente reafirmados e complementados pela Revelação de Bahá’u’lláh, segue constante em atos e palavras, com a confiança de que estão ajudando a construir um mundo mais justo e igualitário por meio do serviço à humanidade.
* Naim Eghrari Moraes é estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Uberlândia, poeta e membro da Comunidade Bahá'í do Brasil.
Ele falava da necessidade de renovação da espiritualidade, da igualdade entre mulheres e homens e da degeneração de uma sociedade corrompida pela ganância e materialismo. Anunciava que a chegada do Prometido de todas as religiões, Bahá’u’lláh, estava próxima, e que a humanidade precisava preparar-se para esse tão esperado momento. O número de Seus seguidores aumentava rapidamente, o que era visto pelas autoridades locais como uma ameaça.
O jovem Báb sentia se aproximar a hora da sua morte e, frequentemente, referia-se a ela com um pensamento não somente familiar, mas quiçá desejável. “Ó Tu, Remanescente de Deus! Sacrifiquei-me inteiramente por Ti; aceitei maldição por amor a Ti, e jamais ansiei por outra coisa, senão o martírio no caminho de Teu amor. Testemunha suficiente para mim é Deus, o Excelso, o Protetor, o Ancião dos Dias”, declarou em prece.
A crescente influência desse jovem de apenas 25 anos levou o primeiro ministro do país, subordinado ao soberano Xá, a planejar modos de silenciar o alvoroço que Seus ensinamentos vinham trazendo. “Nada menos que a execução pública poderá restaurar a tranquilidade e paz deste país desvairado”, sentenciou.
A ordem para executar o Prisioneiro não tardou a chegar; qualquer pessoa que professasse ser Seu seguidor seria também condenada à morte. O regimento armênio, cujo coronel era Sám Khán, recebeu ordens para fuzilá-Lo no pátio do quartel, no centro da cidade de Tabríz. Naquele domingo, 9 de julho de 1850, a cidade testemunhou uma comoção tremenda quando o Báb foi conduzido ao lugar destinado ao seu martírio.
O coronel sentia-se cada vez mais afetado pelo comportamento de seu Cativo e pelo tratamento que Ele recebia. Apoderou-se dele grande medo de que, com sua ação, atraísse sobre si a ira de Deus. Então, explicou ao Báb que não desejava tirar Sua vida e o Báb o tranquilizou: “A vontade de Deus sera feita”.
O Prisioneiro foi então suspenso por cabos, e logo um regimento de soldados armênios se dispôs em três fileiras, cada uma de duzentos e cinquenta homens, os quais receberam ordens de abrir fogo. Tão espessa foi a fumaça proveniente dos tiros dos setecentos e cinquenta fuzis que a luz do sol se converteu em trevas. Contudo, assim que a nuvem de fumaça se dissipou, uma assombrada multidão contemplou os cabos despedaçados - mas nenhum corpo.
O Báb foi encontrado sentado na mesma cela em que passara a noite anterior, ocupado em finalizar as orientações que passava a seu secretário, Siyyid Husayn, quando foi interrompido pelos soldados que o conduziram ao pátio momentos antes. Uma expressão de imperturbável calma se manifestava em Sua face. Seu corpo estava ileso. “Terminei Minha conversação”, declarou Ele, após alguns instantes. “Agora podeis proceder ao cumprimento de vossa intenção.”
Sám Khán ficou atônito diante do que presenciara e ordenou que seus homens saíssem imediatamente do quartel, recusando-se a causar qualquer dano ao Báb. O coronel da guarda pessoal do Xá ofereceu-se, então, para cumprir a ordem de execução, que desta vez cumpriu o objetivo de despedaçar o corpo do jovem Prisioneiro. Naquele exato momento, um vendaval varreu a cidade inteira e um redemoinho de pó obscureceu a luz do sol, cegando os olhos do povo, do meio-dia até à noite.
O corpo esmigalhado foi deixado a margem de um fosso, fora do portão da cidade, e guardas receberam ordens de revesar-se em turnos para vigiá-lo. Na segunda noite após o martírio, dois seguidores do Báb conseguiram burlar a segurança e transportaram Seus restos mortais para uma fábrica de seda, onde foram colocados em um caixão e transferidos para um lugar seguro.
Hoje, Seus restos mortais repousam em um belíssimo Santuário, no Monte Carmelo, em Haifa, Israel, rodeado de jardins exuberantes. Seu sacrifício para anunciar a vinda de Bahá’u’lláh, mais recente Manifestante de Deus fundador da Fé Bahá’í, ajudou a originar a segunda religião mais difundida do mundo, com 7 milhões de fiéis espalhados ao redor do globo. Contudo, os mais de 300 mil seguidores da Fé Bahá’í no Irã continuam sofrendo com a perseguição, detenção, tortura e violação de direitos, promovidas por uma política de estado.
Na próxima terça-feira, 9 de julho de 2013, esses milhões de bahá’ís voltarão suas preces para Aquele que foi o precursor de sua Fé. O compromisso com os princípios delineados durante Seus poucos anos de Ministério, posteriormente reafirmados e complementados pela Revelação de Bahá’u’lláh, segue constante em atos e palavras, com a confiança de que estão ajudando a construir um mundo mais justo e igualitário por meio do serviço à humanidade.
* Naim Eghrari Moraes é estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Uberlândia, poeta e membro da Comunidade Bahá'í do Brasil.
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