NAÇÕES UNIDAS, 7 de fevereiro de 2012, (BWNS) – Enquanto a crise econômica levou muitos a focar as desigualdades no nível nacional, os extremos entre ricos e pobres em âmbito internacional também cresceu a ponto de se tornar uma ameaça à estabilidade global.
Este foi um dos temas levantados por um painel realizado como parte da sessão deste ano da Comissão de Desenvolvimento Social das Nações Unidas, que se estende até sexta feira.
Focalizando o tema de erradicação da pobreza da Comissão, o debate – organizado pela Comunidade Internacional Bahá’í e co-patrocinada pela ATD Fourth World – reuniu diplomatas de alto-nível da ONU, oficiais de agências das ONU e representantes de organizações não governamentais.
Em suas observações, o embaixador Jorge Valero – Representante Permanente da Venezuela junto à ONU e presidente da Comissão de Desenvolvimento Social – atribuiu a crescente desigualdade aos excessos do capitalismo global.
“A desigualdade e a pobreza, as mudanças climáticas e a destruição de ecossistemas são questões de destaque na agenda internacional”, disse o embaixador Valero.
“Essas calamidades só podem ser eficientemente tratadas se atacarmos as causas estruturais que as geram: um sistema global consumista, egoísta e predatório que se baseia na mercantilização do homem e da natureza.”
Jomo Kwame Sundaram, Secretário Geral Assistente da ONU para o Desenvolvimento Econômico, disse que embora a questão da desigualdade seja frequentemente examinada de um ponto de vista nacional, dois terços da desigualdade global têm origem nas diferenças entre nações.
As diferenças internacionais são “muito, muito severas”, disse ele, observando que tais iniquidades cresceram nas últimas três décadas.
A grande promessa da globalização financeira foi que, se as restrições forem aliviadas, haverá um fluxo livre de capital, que fluirá dos ricos para os pobres. Isso não aconteceu. O capital fluiu de baixo para cima, dos pobres para os ricos”, disse o Dr. Sundaram.
Outros participantes do painel – realizado na quarta feira 1 de fevereiro – incluíram: Isabel Ortiz, Diretora Associada de Política e Prática na UNICEF, Christine Bockstal, Chefe da Cooperação Técnica e Operações Nacionais do Departamento de Segurança Social da Organização Internacional do Trabalho, e Sara Burke, Analista Política Sênior do Friedrich-Ebert-Stiftung.
A Dra. Ortiz relatou que os 20 por cento mais ricos da população do mundo detém mais de 80 por cento da renda mundial – mas os 20 por cento mais pobres possuem menos de um por cento da renda mundial.
“A redistribuição nacional não é suficiente para lidar com a iniquidade” disse ela. “Há uma forte relação entre a elevada desigualdade de renda e a intranqüilidade social e instabilidade econômica.”
Nas suas observações, o representante da Comunidade Internacional Bahá’í (BIC), Ming Hwee Chong, chamou atenção para os recentes comentários feitos pelo Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, acerca do aumento da desigualdade de renda em todos os níveis nos últimos 25 anos, colocando uma séria barreira mundial à erradicação da pobreza e integração social.
O Sr. Chong disse que é tempo de fazermos algumas perguntas cruciais quanto à relação entre erradicação da pobreza e os extremos econômicos que existem atualmente no mundo.
Apresentando uma declaração da BIC preparada para a Comissão, o Sr. Chong observou que as relações de dominação – de uma nação sobre outra, de uma raça sobre outra, de uma classe sobre outra ou de um gênero sobre outro – contribuem para o acesso desigual aos recursos e ao conhecimento.
A declaração expressa também a preocupação de que “uma visão mundial materialista, que caracteriza grande parte do pensamento econômico moderno, reduz conceitos de valor, propósito humano e interações humanas a uma busca por interesses pessoais de riqueza material.”
Leia aqui a declaração:
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