“As mulheres do mundo estão exigindo uma mudança de paradigma que assegure sua participação e liderança nas decisões que afetam sua própria sobrevivência e a de suas famílias e comunidades”, disse Lorena Aguiar, a Conselheira Sênior de Gênero para a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), durante as negociações da UNFCCC que acontecem atualmente em Barcelona, Espanha, em antecipação à reunião em Copenhague em dezembro.
Um conjunto de organizações e peritos em gênero do mundo todo, que representam a Aliança Global de Gênero e Mudança Climática (GGCA), vem acompanhando as negociações da UNFCCC desde as Conversações sobre Mudança Climática de Bali em 2007, provendo assistência técnica e treinamento aos delegados governamentais sobre os aspectos de gênero nos pilares de mitigação, adaptação, tecnologia e finanças do Plano de Ação de Bali. Em conseqüência disso, os textos das negociações contêm, pela primeira vez na história, linguagem sobre equidade de gênero e a mulher—incluindo 43 referências nos textos anteriores deste ano e 8 referências nos atuais non-papers [documentos não oficiais]. A reunião de Barcelona é crucial por reter referências-chave, especialmente o reconhecimento das mulheres como agentes de mudança, a priorização de grupos vulneráveis, a participação ativa de todos os stakeholders, e o comprometimento à tendência atual de gênero.
A convenção sobre mudanças climáticas é o único principal acordo ambiental desde a ECO 92 no Rio que não aborda desigualdades de gênero. Winnie Byanyima, Diretora da Equipe de Gênero do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), observou que “se não tratarmos da importância de gênero no debate sobre mudanças climáticas, seremos responsáveis pela morte e empobrecimento de milhões de pessoas, muitas das quais já sofrem de extrema pobreza, privação e indignação.”
Para Mary Aune, da Comunidade Bahá'í e da Equipe de Advocacy do GGCA, "sem a dimensão de gênero nestas discussões, mais da metade da população mundial e uma grande parcela dos que têm de lidar com o problema no dia-a-dia está sendo invisibilizada." Segundo Aune, que participou da etapa anterior a Barcelona, realizada em Bangkok em setembro/outubro passado, a importância do olhar de gênero tem efeitos práticos na adaptação e na mitigação das mudanças climáticas. "Em países em que há ocorrência de terremotos, por exemplo, se as mulheres forem treinadas para realizar procedimentos de evacuação dos locais de perigo, os índices de mortalidade são substantivamente menores; e nos lugares em que elas são capacitadas em programas de educação ambiental, é notório o efeito multiplicador nas comunidades”, lembra ela.
Cate Owren, da Organização Feminina para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WEDO) e da Equipe de Advocacy do GGCA, acrescentou que “este é um momento histórico de gênero e mudanças climáticas. Estamos muito entusiasmados e confiantes de que algo surgirá em Copenhague e que trará sensibilidade à questão de gênero."
O GGCA participará da Reunião de Cúpula de Copenhague e continuará trabalhando com os muitos grupos apoiadores nos textos específicos sobre gênero; estimulando a conscientização e estabelecendo redes de contatos com as Nações Unidas, organizações intergovernamentais e de sociedade civil; e lançando novas iniciativas, trazendo mulheres de liderança proeminente a proferirem palestras num evento paralelo e promovendo dois grandes eventos de apresentações artísticas.
O GGCA é uma iniciativa conjunta de 13 agências das Nações Unidas e 25 organizações de sociedade civil que trabalham para assegurar que as iniciativas e tomadas de decisão sobre mudanças climáticas em todos os níveis sejam da responsabilidade tanto de mulheres como de homens.
Contato: Rebecca Pearl, Coordenadora da GGCA, info@gender-climate.org
Mary Aune, Comunidade Bahá'í do Brasil, mary.aune@bahai.org.br
Para mais informações sobre o Global Gender and Climate Alliance (GGCA), acesse www.gender-climate.org
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