Encaminhada no final do dia de ontem por e-mail ao Aiatolá Qorban-Ali Dorri-Najafabadi, a carta sugere ainda que a opressão contínua por parte do governo sobre os bahá'ís terá, em última medida, grande impacto sobre a sociedade iraniana como um todo.
"Excelência, as decisões que serão tomadas pelo judiciário no Irã nos próximos dias terão implicações que se estenderão muito além da comunidade bahá'ís naquela terra – o que está em jogo é a própria causa da liberdade de consciência para todas as pessoas em sua nação", ressaltou a carta de seis páginas, datada de 4 de março de 2009.
"É nossa esperança que, pela santidade do Islã e a honra do Irã, o judiciário seja justo em seu julgamento."
A carta foi encaminhada após a uma série de declarações do Aiatolá Najafabadi citadas na mídia iraniana levantando acusações contra os bahá'ís e afirmando que os arranjos ad hoc que cuidam dos assuntos espirituais e sociais da comunidade bahá'í no Irã são ilegais.
"A República Islâmica do Irã não permitirá que qualquer movimento prejudique a segurança nacional por meio de atividades organizacionais ilegais e não-autorizadas," disse ele, referindo-se especificamente aos bahá'ís, de acordo com um registro publicado pela Agência de Notícias da República Islâmica.
Os sete membros do grupo que coordenava as atividades dos bahá'ís no nível nacional e que encontram-se presos há cerca de 10 meses responderam à declaração desde suas celas de prisão. Eles afirmaram que, se os arranjos atuais para administração dos assuntos da comunidade bahá'í não são mais aceitos para o governo, encerrá-los não representaria uma grande dificuldade. Eles disseram que isto está sendo providenciado, a fim de demonstrar a boa vontade que os bahá'ís têm consistentemente demonstrado ao governo nos últimos trinta anos.
A carta, que também foi encaminhada à Missão Permanente da República Islâmica do Irã junto às Nações Unidas e posteriormente publicada na página da internet do Escritório para as Nações Unidas da Comunidade Internacional Bahá'í, cuidadosamente delineia os fatos sobre a opressão da comunidade bahá'í iraniana desde o estabelecimento da República Islâmica do Irã em 1979.
"Apesar de a perseguição e os maus tratos aos bahá'ís continuam ininterruptos durante este período, têm chegado a novos níveis de intensidade nos anos recentes, à medida em que certos elementos que historicamente vem têm como ideia fixa a destruição da comunidade bahá'í vem ganhando espaço cada vez maior nos assuntos do país," diz a Comunidade Internacional Bahá'í em sua mensagem.
A carta menciona que somente em resposta a esta perseguição é que pequenos grupos ad hoc foram formados para “cuidar nas necessidades espirituais e sociais” dos 300.000 bahá'ís iranianos – e que por mais de 20 anos o governo vem trabalhando com estas estruturas.
No nível nacional, o grupo era conhecido como "Yaran", que significa “Amigos” em persa. Os "Khademin", ou "Aqueles que Estão à Serviço" desempenhavam uma função similar no nível local.
"Então ano passado os sete membros do Yaran foram aprisionados, uma delas em março e os seis demais em maio. ... As condições de seu encarceramento têm variado em grau de severidade durante o curso dos últimos meses, com os cinco membros homens confinados em um determinado período em uma cela com não mais de dez metros quadrados, sem camas. ," aponta a Comunidade Internacional Bahá'í.
Os sete são a Sra. Fariba Kamalabadi, o Sr. Jamaloddin Khanjani, o Sr. Afif Naeimi, o Sr. Saeid Rezaie, a Sra. Mahvash Sabet, o Sr. Behrouz Tavakkoli e o Sr. Vahid Tizfahm. Seis deles foram presos em 14 de maio de 2008 em suas casas em Teerã. A Sra Sabet foi presa em 5 de março de 2008 durante uma viagem a Mashhad.
"Por fim," a carta continua, "após cerca de nove meses na prisão, durante os quais nenhum mesmo a menor evidência pôde ser encontrada para ligar os membros do Yaran a qualquer tipo de crime, estes indivíduos são acusados de 'espionagem para Israel, insultar as santidades religiosas e fazer propaganda contra a República Islâmica,' e foi anunciado que seu caso será em breve submetido a julgamento com solicitação de indiciamento.
"Este anúncio foi seguido quase que imediatamente por relatos de mídia que indicavam que Vossa Excelência teria escrito para o Ministério da Inteligência afirmando que a existência do Yaran e dos Khademin no Irã seria ilegal, ao mesmo tempo em que levantava a questão do direito constitucional dos cidadãos iranianos de liberdade de crença. Vossa Senhoria, então, fez um pronunciamento oficial a este respeito.
"Excelência, os eventos do anos recentes e a natureza das acusações feitas gera questionamentos nas mentes de qualquer observador que não esteja comprometido acerca da intenção por trás da perpetração sistemática de injustiças contra os bahá'ís do Irã. Mesmo que haja alguns mal-entendidos acerca dos objetivos da comunidade bahá'í durante os primeiros turbulentos anos da revolução, como podem tais suspeitas persistirem até os dias de hoje? Poderia ser que qualquer membro do estimado governo do Irã realmente acredita nas falsas acusações que têm sido perpetuadas acerca dos bahá'ís naquele país?"
A carta ressalta ainda que muitos iranianos proeminentes se levantaram recentemente em defesa dos bahá'ís, fazendo ligações entre a luta por direitos humanos no Irã em geral à situação dos bahá'ís.
"E podemos ouvir as vozes levantadas por tantos iranianos em defesa de seus compatriotas bahá'ís ecoarem do passado glorioso de seu país. O que não podemos deixar de notar, com muita gratidão a eles em nossos corações, é que a maioria dos que aparecem em apoio à comunidade bahá'í sitiada estão, eles próprios, sofrendo opressões semelhantes, tais como estudantes e acadêmicos, como jornalistas e ativistas sociais, como artistas e poetas, como pensadores progressistas e defensores de direitos das mulheres, e como cada cidadão comum."
Para ler a carta completa em Inglês, acesse:
http://bic.org/areas-of-work/persecution/prosecutor-general-iran-en.pdf
Para ler a carta em persa, acesse:
http://bic.org/areas-of-work/persecution/prosecutor-general-iran-fa.pdf
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