Canoas: Jovens querem construir um novo mundo, comunidade por comunidade
Para erigir uma nova sociedade é preciso o esforço coletivo do maior número possível de jovens. Na manhã desse sábado (27), os participantes da Conferência de Juventude de Canoas, Rio Grande do Sul, refletiram sobre a importância de se apoiarem para juntos conseguirem realizar atividades que fortaleçam suas próprias comunidades.
O incentivo, a compreensão e o estímulo foram apontados como algumas formas de promover esse apoio. Esses diferentes tipos de apoio, por sua vez, fomentam uma visão compartilhada de propósito. Assim como o serviço à humanidade não é uma ação isolada, mas sim uma postura de vida que deve estar presente na vida em família, no trabalho, nos estudos e na vida social dos jovens, o apoio mútuo também deve permear todas essas dimensões para que exista uma coerência entre convicções e ações. É com o apoio mútuo e o fortalecimento das verdadeiras amizades que os jovens dessa geração poderão levar adiante a grandiosa tarefa que lhes é conferida: desencadear um grande processo de transformação social que começa dentro da própria comunidade e se multiplica pelo mundo.
“Eu confio nos jovens. Eu acredito que a gente tenha muito mais acesso ao conhecimento do que as gerações passadas tiveram quando tinham a nossa idade. A gente tem um amadurecimento até mais precoce do que outras gerações para assumir as responsabilidades para transformar a sociedade. Há um tempo atrás, por mais que os jovens começassem a trabalhar e assumissem responsabilidades familiares mais cedo, o ato de pensar na sociedade talvez surgisse mais tarde na vida. Hoje, nós jovens já pensamos nesses dois aspectos de forma conjunta. As demandas da juventude de hoje e os desafios que ela está enfrentando são diferentes dos das gerações passadas. Nossa geração tem a maturidade para solucionar os problemas de hoje”, reflete Mateus, 26, vindo de Blumenau, em Santa Catarina (SC).
Gabriel, 23, de Florianópolis (SC), apontou a habilidade de ouvir a opinião dos outros e ter a humildade para abrir mão de interesses individuais pelo bem do coletivo como duas formas de apoio. “Essas formas de apoiar são desenvolvidas principalmente pela prática da consulta cujo o objetivo é criar uma unidade de visão para as pessoas conseguirem se apoiar melhor”, explica.
Os jovens refletiram bastante sobre quem são as pessoas que realmente devem apoiar e qual o papel das redes sociais como uma ferramenta de comunicação cada vez mais presente em suas vidas. Muitas vezes, as pessoas acabam considerando como seus amigos apenas as pessoas que pensam do mesmo jeito ou acreditam exatamente nas mesmas coisas. “Às vezes a gente acaba buscando amigos só dentro de um determinado meio. Grandes pessoas não estão sempre nos mesmos lugares que a gente frequenta. Isso não quer dizer que não tenham um propósito de vida elevado. Então, vale a pena buscar e fazer amigos em todo lugar, porque em todo lugar pode ter gente com um propósito de vida elevado assim como o nosso”, explica Débora, 19, de Maringá no Paraná.
O conterrâneo Arman, 19, lembra como a internet, quando bem utilizada, pode auxiliar na disseminação de boas iniciativas. “Essas tecnologias podem atrair pessoas a apoiarem coisas boas que seus amigos estão fazendo. Eu e uns amigos criamos uma página em uma rede social sobre um projeto de educação aqui em Maringá. Em menos de dez segundos uma amiga entrou em contato comigo perguntando mais sobre a iniciativa e como poderia apoiar”.
Já Gabriel alerta que a Internet pode ser utilizada para o bem, mas é preciso ter cuidado. “Existe muita informação, mas apresentada de forma superficial. Você não consegue se aprofundar e esse excesso pode levar a alienação. Além disso, nas conversas virtuais você usa apenas alguns dos cinco sentidos. Eu prefiro colocar as ações em prática pessoalmente”.
Comunidades vibrantes
No período vespertino, os jovens realizaram uma leitura ampla das suas diferentes realidades por meio de uma dinâmica. Eles desenharam mapas que retratavam desde os aspectos geográficos e a distribuição espacial de suas cidades, até as instituições e as relações sociais existentes. Os jovens reconheceram que para contribuírem para o fortalecimento de suas comunidades é preciso conhecer seus potenciais e suas limitações. Fernando, 17, de São José dos Pinhais no Paraná, explica que cada comunidade é diferente. “Você precisa saber qual é a prioridade e focar nela”.
Os jovens perceberam que uma prioridade recorrente em suas comunidades é apoiar os mais jovens que estão despertando seus talentos e aprendendo a canalizar suas capacidades espirituais e intelectuais para intervir de forma positiva na realidade que os cerca. “O primeiro passo para envolver os pré-jovens da sua comunidade em atividades construtivas é saber como é o local onde eles vivem e identificar os problemas e as necessidades”, explica. Não é a toa que Fernando tem essa compreensão. Ele trabalha com pré-jovens em São José do Pinhais e consegue avaliar a relação do envolvimento dos adolescentes no processo de construção de comunidades. “Em São José, chamamos os pré-jovens para participarem de atividades e essa atmosfera de aprendizado e unidade gera um senso de comunidade de forma natural. Como as pessoas moram perto, fica mais fácil, pois todo mundo se conhece e isso ajuda bastante”.
Quando os indivíduos, a comunidade e as instituições que atendem uma comunidade concentram sua energias na promoção do bem-estar espiritual e social deste coletivo, começa um processo de transformação social. As reflexões dessa tarde ajudaram os jovens de várias cidades do Rio Grande do Sul a identificarem esses três protagonistas e a planejarem como começar esse processo em suas respectivas cidades. “A dinâmica de hoje ajudou o pessoal do meu grupo a entender melhor a cidade que cada um mora. Aprendemos melhor como a cidade de cada um é fisicamente, os locais onde o pessoal costuma ir, como é a cultura e a forma como vivem. Sabendo como o jovem é e os lugares que frequenta fica mais fácil fazer amizades”, relata Gilmar, 29. Através da atividade, os jovens de Esteio, Novo Hamburgo, Sapucaia, Pelotas, Tapes e Caxias do Sul identificaram que suas cidades tem algo muito bom em comum: todas tem muitos jovens e certamente muitos deles também desejam promover uma transformação da sociedade. Essa turma encontrou a certeza de que as amizades feitas aqui chegarão aos outros jovens dessas cidades para que juntos impulsionem a construção de uma nova sociedade.
Amanhã, 28 de julho, é o último dia da Conferência em Canoas. Os jovens entre 15 e 30 anos voltarão para suas comunidades em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e no
próprio Rio Grande do Sul. Ao todo 114 Conferências de Juventude estão sendo promovidas pelos bahá’ís entre julho e outubro, em diversos países. No Brasil, acontecem duas Conferências, a última foi entre 19 e 21 de julho em Brasília.
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