Brasília: O tempo do jovens
Uma das mais famosas músicas do Legião Urbana que acabou virando o hino da Conferência de Juventude de Brasília, foi cantada em uníssono pelos participantes que, entre lágrimas e risadas, iam se despedindo durante o encerramento do evento. Durante três dias, mais de 700 jovens representando a diversidade cultural do Brasil aprofundaram suas percepções sobre como seu protaganismo é capaz de contribuir para o avanço espiritual e material de toda a civilização humana.
Apesar do cansaço, o entusiamo, a alegria, o senso de responsabilidade e unidade de visão estão estampados nos rostos desses jovens. Eles levam em sua bagagem mais que roupas. Levam a certeza de que construíram amizades sinceras e a consciência de que seus esforços coletivos para fortalecer suas respectivas comunidades são parte de um processo que, influenciado pelas forças espirituais dispensadas para toda a humanidade desta era, pouco a pouco revolucionará a sociedade.
“Estamos reunidos em um só propósito. Fizemos amizades verdadeiras que vão ficar para sempre. Com essa Conferência a gente achou força para seguir em frente”, afirma Luane, 21, vinda de Macapá no Amapá. A amiga Kamily, 27, do mesmo agrupamento, o Açaí, falou da emoção de participar desse momento tão importante. “Eu senti uma energia superior aqui. Sei que vou me lembrar desses dias para sempre. Por isso eu pretendo estar mais próxima aos jovens e ajudá-los a desenvolver suas capacidades”.
Josemar, 22, uma indígena da etnia Kariri Xocó, falou sobre o que leva da Conferência. “Nós temos que lançar propostas para nós mesmos mudarmos para que os outros nos tenham como um exemplo. É assim que multiplicamos essa nossa mudança para que ela venha a se refletir nos outros e eles se espelhem em nós. O que nós aprendemos aqui vamos levar para a vida e podemos executar no movimento social que luta pela igualdade. Nós só podemos fortalecer a igualdade fortalecendo o nosso intelectual e nosso espírito. É nisso que acreditamos e é isso que foi proposto aqui.”
“Sempre em frente, não temos tempo a perder”
Assim diz a letra da música Tempo Perdido que foi sucesso entre os jovens do fim da década de 80 e hoje marca o início de uma nova etapa de jovens munidos do claro propósito de - juntos - elevarem a excelência espiritual, moral e intelectual de suas comunidades por meio de um processo que vem se provando cada vez mais sustentável: O Programa de Empoderamento de Pré-jovens.
Junto com mais sete amigos, Luísa, 20, de Natal, Rio Grande do Norte, está ansiosa para chegar na sua comunidade e compartilhar o que aprendeu. “A gente vai fazer uma conferência quando voltar com os que não puderam vir. São uns 40 jovens. Estamos abrindo um Círculo de Estudos para eles se capacitarem a abrir Grupos de Pré-jovens. Temos quatro Grupos de Pré-jovens, com 25 participantes cada, e precisamos de mais gente para abrir mais!”
Prestes a encarar 36 horas de estrada para voltar a Teresina no Piauí, e abrir um Grupo de Pré-jovens, Esdras, 30, compartilha empolgado algumas impressões. “Para que uma planta se desenvolva, é preciso manter o caule firme. Os pré-jovens são como plantas cujos caules ainda precisam ser fortalecidos. Devemos ajudá-los a finalizar a formação de seu caráter e esse serviço favorece toda a sociedade”.
Um ponto relevante na construção de comunidades apontado por Esdras é a educação. “Se hoje não formarmos médicos, daqui há 20 anos não teremos médicos, se não formarmos professores não teremos professores. Da mesma forma, se hoje nós não nos preocuparmos com a educação espiritual dos mais jovens, amanhã não teremos uma sociedade transformada”.
A completa transformação da sociedade também exige que os jovens desta geração percebam que sua conduta e vida familiar influenciam este processo diretamente. O núcleo familiar foi apontado pelos jovens como a célula inicial capaz de consolidar e expandir os mais elevados padrões de excelência. Cinthya, 22, de Natal, no Rio Grande do Norte, explica que “família é o começo de tudo. É na família que o indivíduo começa os primeiros passos da educação, especialmente a espiritual”.
Arte e juventude
As noites da conferência foram recheadas de atividades culturais. Na sexta-feira, 19, diversas apresentações artísticas preparadas pelos próprios jovens deram o tom da Conferência. A "Dança das drogas", interpretada pelos jovens do agrupamento Goyazes, que abrange Goiânia e Aparecida de Gôiania, paralisou a platéia quando mostrou como a dependência química pode arrasar com a vida dos jovens. Na sequência, a apresentação do grupo indígena das etnias Kariri Xocó, Kiriri e Mundurucu, vindos dos estado da Bahia, Alagoas e Amazonas encantou a platéia. O grupo fez uma apresentação de canto em sua língua de origem e do toré, dança típica indígena. No sábado, além de mais apresentações, o destaque foi o vídeo-debate de um trecho do filme “Fronteiras da Aprendizagem”. Os jovens se entusiasmaram com o impacto positivo e transformador do Programa de Empoderamento de Pré-jovens na Colômbia.
A próxima Conferência de Juventude no Brasil será em Canoas (RS) na semana que vem, entre 26 e 28 de julho. Ao todo, 114 Conferências de Juventude estão sendo organizadas pelos bahá’ís em diversos países ao redor do globo e deve reunir mais de 100 mil jovens. Para concretizar esse grande encontro de jovens, aproximadamente 60 pessoas se voluntariaram.
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