Durante nove dias, de 15 a 23 de junho, o Rio de Janeiro sediou a Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, evento paralelo à Rio+20 em que a sociedade civil global participava de discussões reflexivas sobre a crise da Ordem Mundial atual, com o propósito de apontar alternativas possíveis para a Justiça Social e Ambiental.
A chamada “economia verde”, principal pauta da Rio+20, é compreendida como insatisfatória pela população mundial, pois não corresponde aos desejos de uma sociedade cada vez mais unificada e que os modelos de produção e consumo vigentes tem de ser revistos para que se alcance a paz universal.
A Comunidade Bahá'í esteve presente na Cúpula dos Povos e na Rio+20, com uma delegação de cerca de 50 pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, tendo por objetivo ressaltar a importância da espiritualidade para o desenvolvimento sustentável do planeta, promoção dos princípios de unidade, justiça e direitos humanos para a prosperidade dos povos e mostrar, na prática, a transformação que os ensinamentos espirituais tem gerado por meio das quatro atividades1 centrais promovidas pela Comunidade Bahá'í mundialmente.
Os participantes da Cúpula dos Povos, de maneira geral - demonstraram-se receptivos às atividades de cunho espiritual promovidas por diversas religiões e outros segmentos da sociedade. Segundo a representante da Comunidade Bahá'í, Daniella Hiche, o público marcou presença nesses espaços porque “a essência do ser humano é espiritual, e não dogmática, pois essa é a identidade fundamental do ser humano”.
Entre as atividades promovidas pela Comunidade Bahá'í na Cúpula dos Povos constam os painéis “O Papel da Religião na Sociedade” e “Princípios Espirituais para o Desenvolvimento”, dentro do âmbito espaço no Aterro do Flamengo conhecido como tenda das Religiões por Direitos. Destacou-se também a oficina “Participação Universal na Solução das Desigualdades Sociais e Econômicas: Um Novo Paradigma de Desenvolvimento”, promovida conjuntamente com a organização ATD Quarto Mundo.
“Um exemplo da receptividade pode ser observado pelas demandas geradas espontaneamente pelos visitantes ao estande bahá'í, que levaram à necessidade de se buscar novos espaços dentro da programação de atividades da Cúpula”, conta Daniella Hiche. “Dessa forma, outros cinco debates foram promovidos durante o evento e trataram sobre a espiritualidade e meio ambiente, a hamonia entre ciência e religião, o futuro do sistema econômico, igualdade de direitos entre homens e mulheres e unidade na diversidade”. O conceito trazido pela Fé Baháí de guardiania coletiva da humanidade, de que temos uma responsabilidade coletiva pela proteção de uns pelos outros, foi um dos aspectos mais abordados nestas atividades adicionais.
Durante toda a Cúpula dos Povos, na parte matinal, havia um local reservado para o exercício diário da espiritualidade, em que membros de diferentes religiões se reuniam para orar e fortalecer os laços de nossa humanidade comum, transcendendo o apego ao mundo material. Cada dia uma religião era responsável por compartilhar textos sagrados e orações para o público em geral. “Quando a Fé Bahá'í foi anfitriã buscamos selecionar trechos sagrados e orações que exaltavam a relevância da cultura e da educação para a transformação individual e coletiva”, comenta o membro da Comunidade Bahá'í de Niterói, Adonias de Araújo Júnior.
A Comunidade Bahá'í do Brasil também foi convidada a contribuir com a reunião de articulação da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente (REJUMA). Na ocasião, alguns jovens bahá'ís abordaram conceitos de desenvolvimento sustentável ligados a eliminação dos extremos de riqueza e pobreza, da guardiania coletiva, além da participação de cada indivíduo em todas as esferas de decisões para a construção de um mundo mais digno e justo.
Entre os eventos paralelos da Cúpula dos Povos em que os bahá'ís também participaram destacam-se a reinauguração do Monumento à Paz, localizada no centro do Rio de Janeiro, que desde a Eco-92 é símbolo da unidade entre os povos da cidade carioca; a mobilização global que reuniu mais de 80 mil pessoas de acordo com a comissão organizadora da própria Cúpula e a declaração de representantes indígenas de mais de 40 etnias com diretrizes do desenvolvimento sustentável da humanidade por meio de princípios espirituais.
De acordo com Mary Aune, outra representante da Comunidade Bahá'í, embora a conferência governamental, a Rio+20, não tenha atendido todas as expectativas da população mundial, os resultados foram positivos. “A mudança para um mundo mais harmônico e desenvolvido espiritualmente ocorrerá de forma gradual. Vejo tudo como um processo de aprendizagem, de trocas de experiência, com diálogos significativos”, analisa Mary que observou neste processo “o aumento da participação de pessoas engajadas na prosperidade da família humana”.
1 As
atividades centrais promovidas pela Comunidade Bahá'í são o foco
de sua ação social. As aulas para crianças e os grupos de
pré-jovens são voltados para a educação espiritual, utilizando
artes e contação de histórias como ferramentas para desenvolver o
potencial dessas duas faixas etárias. Os bahá'ís promovem ainda
reuniões de oração e meditação ecumênicas e círculos de estudo
sobre temas espirituais, voltados para o público adulto. As
atividades são abertas ao público e estão disponíveis
gratuitamente em todas as regiões do país. Para saber mais, entre
em contato com a comunidade bahá'í mais próxima ou escreva
para info@bahai.org.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário