Celebrações em 2012 relembram a influência do Mestre sobre a comunidade bahá’í mundial
Entre 1910 e 1913, o Ocidente foi testemunha de sua devoção à humanidade. Após 40 anos de prisões e exílios, aos 66 anos de idade, ‘Abdu’l-Bahá iniciou suas viagens pela Europa e outras regiões, passando pela Inglaterra, França, Alemanha, Áustria, Hungria, Egito, Estados Unidos e Canadá. Numa época de inúmeros conflitos e divisões, ele discursava para multidões sobre temas como a unidade entre os povos do oriente e do ocidente; a igualidade e a justiça social; os perigos do ódio e das disputas geradas pelo preconceitos religiosos; entre tantos outros.
“Quando surgir um pensamento de guerra, fazei-lhe oposição com um pensamento mais forte de paz. Um pensamento de ódio deve ser destruído por um mais poderoso pensamento de amor. Pensamentos de guerra trazem destruição da harmonia, do bem-estar, da tranquilidade e do contentamento”, orientou o Mestre ao público reunido na Avenida Camões 4 da cidade de Paris, em 21 de outubro de 1911.
Confira abaixo a mensagem encaminhada pela Casa Universal de Justiça aos bahá’ís do mundo, em 2010, marcando o centenário das viagens:
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Tradução:
“Amigos ternamente amados,
A partida de ‘Abdu’l-Bahá de Haifa para Port Said, há cem anos, marcou a abertura de um glorioso novo capítulo nos anais da Fé. Ele não estaria de volta à Terra Santa antes de três anos. Referindo-se a esse momento histórico, o Guardião escreveria mais tarde: “O estabelecimento da Fé de Bahá’u’lláh no Hemisfério Ocidental - a realização mais notável que para sempre há de ser associada com o ministério de ‘Abdu’l-Bahá - ... pusera em movimento forças tão tremendas, produzindo resultados de tão grande alcance, que era justificável a participação ativa, pessoal, do próprio Centro do Convênio”. Com o início das viagens de ‘Abdu’l-Bahá para o Ocidente, a Causa de Bahá’u’lláh, confinada por mais de meio século pelos líderes da animosidade e opressão, rompeu as suas barreiras. Pela primeira vez desde o seu princípio, o reconhecido Líder da Fé usufruiu de uma liberdade de ação para desempenhar livremente Sua missão divinamente preordenada.
Se considerássemos qualquer capacidade mundana, ‘Abdu’l-Bahá pareceria despreparado para cumprir a tarefa à Sua frente. Ele tinha sessenta e seis anos, exilado desde a infância, sem instrução formal, prisioneiro por quarenta anos, com a saúde comprometida e sem conhecimento dos costumes e das línguas da cultura ocidental. Ainda assim Ele Se levantou, sem pensar em conforto, sem medo dos riscos envolvidos e totalmente confiante na assistência divina, para defender a Causa de Deus. Ele interagiu com diversos povos em nove países de três continentes. O alcance e a intensidade de Seus esforços incansáveis eram tais que “encheu de admiração e espanto Seus seguidores no Oriente e no Ocidente” e “veio a exercer uma influência imperecível” sobre o curso da futura história da Fé.
Durante os próximos anos, bahá’ís de todo o mundo se recordarão com alegria dos muitos episódios associados à jornada histórica de ‘Abdu’l-Bahá. Mas este aniversário é mais do que um momento de comemoração. As palavras proferidas por ‘Abdu’l-Bahá durante Suas viagens, e as obras que Ele empreendeu com total sabedoria e amor, oferecem abundância de inspiração e múltiplas percepções as quais o corpo dos crentes pode hoje emular – seja em seus esforços para envolver almas receptivas, promover capacidade para o serviço, construir comunidades locais, fortalecer instituições, ou explorar emergentes oportunidades para se engajar em ações sociais e contribuir para os discursos com a sociedade. Devemos, portanto, refletir não apenas sobre o que o Mestre alcançou e colocou em marcha, mas também no trabalho que resta a fazer - ao qual Ele nos chamou. Nas “Epístolas do Plano Divino”, Ele expressou Seu desejo mais íntimo:
“Ó se eu pudesse viajar, ainda que a pé e na máxima pobreza, a essas regiões e, erguendo o chamado de “Yá Bahá’u’l-Abhá” em cidades, lugarejos, montanhas, desertos e oceanos, promover os ensinamentos divinos! Isso, infelizmente, eu não posso fazer. Quão intensamente eu o deploro! Apraza a Deus que vós o possais fazer.”
Quase um século se passou desde que essas palavras foram registradas. Estágio após estágio do Plano Divino foi executado com sucesso. A Fé foi estabelecida em todos os cantos do mundo. Estamos presentes naqueles lugares que ‘Abdu’l-Bahá ansiava visitar. Indivíduos, comunidades e instituições estão agora dotados com a capacidade necessária para ações sistemáticas, auto-sustentadas e coerentes. Que durante este precioso período de recordação, todos os Seus amantes leais se levantem e ajam em Seu Nome. Que ofereçam sua parte, não importa quão humilde, ao progresso do Plano que Ele delineou – aquele legado inestimável e eterno.”
[assina: A Casa Universal de Justiça]
1 A questão da sucessão religiosa tem sido crucial para todas as fés. O fracasso em resolver essa questão tem levado, inevitavelmente, à discórdia e divisão. A ambiguidade sobre os verdadeiros sucessores de Jesus e Maomé, por exemplo, levou a interpretações divergentes das sagradas escrituras e profunda dissensão tanto dentro da Cristandade quanto do Islã. Bahá’u’lláh, porém, evitou o cisma e estabeleceu um alicerce inexpugnável para Sua Fé mediante o que estipulou em Sua última vontade e testamento, documento intitulado “O Livro de Meu Convênio”. Escreveu Ele: “Quando o oceano de Minha presença tiver refluído, e o Livro de Minha Revelação se achar completo, volvei vossas faces Àquele Eleito por Deus, Aquele que brotou desta Raiz Antiga. Este sagrado versículo a nenhuma pessoa se refere, senão ao Mais Poderoso Ramo [‘Abdu’l-Bahá].”
Esse artigo foi publicado no Bahá'í Brasil Nº 33, na página 10.
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