15/05/10O Estado de São Paulo
A jornalista americana Roxana Saberi conta em seu livro sobre a experiência de ficar detida em Teerã na prisão de Evin, onde estão as sete lideranças bahá'ís presas há dois anos, e da importância do papel da comunidade internacional para que o atual governo iraniano não continue a violar os direitos humanos. Roxana relata no livro “Between Two Worlds: my Life and Captivity in Iran” a sua experiência e a de outros presos, mencionando as duas mulheres bahá'ís com as quais dividiu cela.
Abaixo está um trecho do texto traduzido de Roxana publicado no jornal O Estado de São Paulo:
Pouco depois de o Irã anunciar a execução de cinco ativistas políticos curdos, recebi um e-mail de uma pessoa envolvida na defesa dos direitos humanos em Teerã que conhecia um deles e pediu-me para divulgar o texto abaixo sobre os enforcamentos.
"Estamos verdadeiramente indefesos e nos sentimos perdidos", ela escreveu. O Irã qualificou os cinco como "terroristas", mas defensores dos direitos humanos disseram que os prisioneiros negaram as acusações, foram torturados e condenados num julgamento injusto. Um deles, Farzad Kamangar, foi sentenciado à morte depois de um julgamento que, segundo seu advogado, durou sete minutos. Outro, Shirin Alam-houli, em diversas cartas escritas da prisão, disse ter feito confissões falsas diante das câmeras após ser torturada. As famílias dos presos não foram informadas antes da execução.
Se a comunidade internacional não condenar tais atrocidades, o regime iraniano continuará pisoteando nos direitos civis básicos dos indivíduos, muitos deles detidos simplesmente por defender pacificamente os direitos humanos. Em Teerã, os prisioneiros - jornalistas, blogueiros, defensores dos direitos da mulher, ativistas estudantis e a minoria de adeptos da religião bahai - costumam ser mantidos na solitária, sem acesso a um advogado quando tentam se defender contra acusações "fabricadas", como espionagem ou propaganda contra o Islã ou o regime.
Quando fiquei detida na prisão de Evin, no ano passado, acusada de espionagem, tive a sorte de o meu caso despertar grande atenção internacional. Eu não tinha noção da magnitude desta atenção até o dia em que meu interrogador permitiu que eu tirasse a venda dos olhos para ver uma pilha de artigos a meu respeito sobre uma escrivaninha. Quando li os nomes de jornalistas, organizações de direitos humanos, grupos americano-iranianos e outros, pedindo minha liberdade, percebi que ele tentava me aterrorizar, achando que tais demandas eram negativas para mim. Mas, repentinamente, já não me senti mais só. Amigos e estrangeiros estavam do meu lado e eu não precisava me defender sozinha de meus captores. Acredito que a pressão desse apoio internacional acabou persuadindo as autoridades iranianas a me libertarem, o que ocorreu há um ano.
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