
Os acontecimentos recentes no Irã levantaram preocupação sobre o destino final dos sete bahá'ís que estão programados para ir a julgamento na próxima terça, dia 12 de janeiro, após três postergações. Presos sem justificativa legal há quase dois anos, os indivíduos correm risco de vida, uma vez que dentre as acusações pesam sobre eles a de “disseminação da corrupção na terra”, para a qual a sentença é a pena de morte. O governo iraniano também culpa os bahá'ís pelas manifestações durante o feriado religioso da Ashura e as revoltas civis após as eleições presidenciais em 2009.
Tendo inicialmente acusado forças estrangeiras pelas recentes revoltas, agora as autoridades estão responsabilizando os bahá'ís pela atual situação no país, o que sugere a possibilidade de esforços organizados para justificar medidas extremas contra os ex-membros do Yarán (“Amigos do Irã”, em Persa). Criado para atenter a necessidade do governo iraniano de receber informações sobre as atividades bahá'ís após a Revolução Islâmica de 1979, o grupo era uma unidade informal que representava os mais de 300 mil bahá'ís no país (uma vez que a religião não é formalmente reconhecida pelo governo). Foi dissolvido após as autoridades iranianas declararem que suas atividades eram ilegais, no primeiro trimestre de 2009.
“Ao longo dos últimos dias, a mídia iraniana patrocinada pelo estado, têm acusado os bahá'ís de serem responsáveis pela agitação em torno do dia sagrado da Ashura”, afirmou Diane Ala'i, representante da Comunidade Internacional Bahá'í para as Nações Unidas em Genebra. Dentre esses veículos da mídia estão a Agência Noticiosa de Fars, o Jornal Javan, a Agência Noticiosa da República Islâmica (IRNA), e a Agência Noticiosa dos Estudantes Iranianos (ISNA). As acusações são um fator alarmante, uma vez que os bahá'ís não se envolvem em manifestações político-partidárias. No último domingo mais 13 bahá'ís foram presos em suas casas em Teerã e levados para um centro de detenção.
Os sete presos que serão julgados são a Sra. Fariba Kamalabadi; Sr. Jamaloddin Khanjani; Sr. Afif Naeimi; Sr. Saeid Rezaie; Sr. Behrouz Tavakkoli; Sr. Vahid Tizfahm (presos em 14 de maio de 2008, em suas casas em Teerã) e Sra. Mahvash Sabet (ex-secretária do grupo, detida em 5 de março de 2008 na cidade de Mashhad).
Em 18 de dezembro do ano passado a Assembléia Geral da ONU aprovou uma resolução fortemente comentada, condenando o Irã por uma longa lista de violações aos direitos humanos, em que faz extensa menção da perseguição aos bahá'ís. O documento demonstra preocupação com os ataques feitos pela mídia estatal aos seguidores e sua Fé; o aumento dos esforços por parte do Estado para identificar, monitorar e prender arbitrariamente os bahá'ís; e o impedimento de acesso ao ensino superior, dificultando o sustento econômico.
Comunidade Bahá'í no Brasil
No Brasil a Comunidade Bahá'í é formada por cerca de 65 mil pessoas, predominantemente brasileiros que conheceram a Fé por meio de bahá'ís que aqui chegaram fugindo da perseguição iraniana. Eles estão em todos os estados e capitais, desenvolvendo atividades sócio-econômicas baseadas em princípios como igualdade de gênero, acesso universal à educação, redução entre os extremos de pobreza e riqueza e a unidade entre os povos por meio da educação não formal e autônoma.
Um comentário:
A situação continua triste, não apenas em relação aos baha'is daquele pais, mas sim em relação a todo e qualquer "direito humano" que o povo iraniano venha a ter, seja antes ou depois da assinatura, do governo iraniano junto a declaração universal dos direitos humanos. O que nos resta hoje, e' esperar que os nossos representantes tomem a INICIATIVA de protestar e condenar estas violações de direitos.
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