Com isso em mente, a Comunidade Bahá'í do Brasil envolveu-se diretamente em manifestações em diversas cidades do país com o intuito de reforçar para as autoridades públicas que se encontrariam com Ahmadinejad a importância de se tratar de questões de direitos humanos. Apesar disso, dias antes da chegada do Presidente iraniano, o Ministério das Relações Exteriores e outros órgãos governamentais afirmavam com veemência que a agenda de discussões se resumiria a temas de ciência e tecnologia.
A pressão dos movimentos sociais pela pauta de direitos humanos demonstrou, contudo, uma força indiscutível: entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Transgêneros, a Frente pela Liberdade no Irã, a Comunidade Bahá'í do Brasil, Conectas Direitos Humanos, a Confederação Israelita do Brasil e várias outras redigiram documentos e manifestaram publicamente a expectativa de que esta postura fosse revista, com base no preceito constitucional da prevalência dos direitos humanos na política externa (art.4º, ii, CF) e na realidade das políticas brasileiras de ampliação de direitos, reconhecimento das minorias e
Vários parlamentares se pronunciaram nas tribunas do Congresso Nacional, incluindo entre suas preocupações a perseguição aos bahá'ís no Irã; dentre eles os Senadores Cristóvam Buarque, Marisa Serrano e Geraldo Mesquita; e os Deputados Federais Fernando Ferro, Dr. Rosinha e Zenaldo Coutinho. Outros realizaram articulações junto ao Ministério das Relações Exteriores, solicitando que a pauta entre os dois Presidentes compreendesse as questões de direitos humanos, como os Deputado Luiz Couto e Pedro Wilson, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Houve ainda a adesão do Deputado Pompeo de Mattos à Carta Aberta ao Presidente Ahmadinejad, publicada pela Comunidade Bahá'í do Brasil em jornais de grande circulação nacional.
Um artigo de opinião, assinado pelos ex-Ministros de Estado José Gregori (Justiça e Direitos Humanos) e Celso Lafer (Relações Exteriores) juntamente com a cientista política e representante da Comunidade Bahá'í, Mary Aune, foi divulgado durante a manifestação pública em Brasília e circulado em diversas listas de e-mails. O tema, como em praticamente todas as manifestações em que os bahá'ís tomaram parte, girava em torno das semelhanças entre Brasil e Irã e a necessidade de se compartilhar boas práticas relacionadas à promoção e garantia de direitos humanos.
E ao mesmo tempo em que essas ações tomavam corpo no âmbito nacional, as Nações Unidas aprovavam mais uma resolução condenando o Irã pelas violações de direitos humanos que ocorrem sistematicamente em seu território.
O resultado público de todo esse esforço pode ser ouvido nas palavras do Presidente Lula, que afirmou em seu discurso à imprensa: “A política externa brasileira é balizada pelo compromisso com a democracia e o respeito à diversidade. Defendemos os direitos humanos e a liberdade de escolha de nossos cidadãos e cidadãs com a mesma veemência com que repudiamos todo ato de intolerância ou de recurso ao terrorismo.” Enfim, o reconhecimento – mesmo que em poucas linhas – de que não pode haver aproximação entre países que não leve em consideração o bem-estar de toda a população.
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