Brasília, 14 de maio – As sete lideranças bahá'ís que se encontram presas no Irã enfrentam o aniversário de seu aprisionamento nesta quinta-feira, juntamente com acusações novas e extremamente graves, após passarem um ano na cadeia sem acusações formais ou acesso a sua advogada, Shirin Ebadi.
"Apesar de sua óbvia inocência e do apelo por diversos atores pela sua libertação imediata, estes sete homens e mulheres se encontram no limbo judicial agora já há um ano, contra todos os padrões internacionais de direitos humanos”, diz Bani Dugal, a principal representante da Comunidade Internacional Bahá'í junto às Nações Unidas.
"Além disto, suas famílias recentemente receberam informação acerca de uma nova acusação - 'disseminar a corrupção na terra', ou 'Mofsede fel-Arz' em persa, que traz a ameaça de pena de morte, de acordo com o código penal da República Islâmica do Irã”, diz a Sra Dugal.
"A sequência de eventos relacionados com sua detenção expõe uma imagem distorcida de justiça. Apesar de terem sido sujeitados a intensos interrogatórios, as autoridade iranianas levaram longos sete meses para aparecer com um pretexto espúrio para sua prisão. Em 10 de fevereiro de 2009 a Agência Iraniana Estudantil de Notícias (ISNA) citou uma fala do promotor adjunto de Teerã, Hassan Haddad, que teria afirmado que a liderança bahá'í havia sido acusada de 'espionar para Israel, insultar santidades religiosas e fazer propaganda contra a república islâmica' e que o caso seria 'submetido na próxima semana com uma solicitação de indiciamento à Corte Revolucionária'. Os protestos internacionais provenientes de governos e da sociedade civil foram imediatos e amplos, causando a revisão de abordagem por parte das autoridades iranianas.
"Agora, relatos apontam para a inclusão de uma nova e incorreta acusação, quase três meses após a investigação ter sido supostamente concluída. A acusação de serem disseminadores da corrupção foi usada contra os bahá'ís que foram executados nos anos que se seguiram à revolução islâmica. O fato de estar sendo utilizada neste caso como uma nova demonstração de que as autoridades não têm base alguma para qualquer alegação contra estes sete indivíduos, a não ser uma gritante perseguição religiosa. Esta ação contra a liderança bahá'í reflete a notadamente crescente perseguição contra toda a comunidade bahá'í iraniana, com seus mais de 300 mil membros.
"A aproximação do aniversário de sua prisão oferece um importante marco, e solicitamos à comunidade internacional que reafirme uma vez mais e de maneira contundente a exigência de sua imediata libertação, ou pelo menos que seu julgamento seja justo e aberto, de acordo com os padrões internacionais de justiça”, diz a Sra Dugal.
A Sra Dugal ressaltou também que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad frequentemente enfatiza a importância da “justiça e dignidade humana” e o estabelecimento de um sistema mundial justo”, tal como o fez em seu pronunciamento às Conferência das Nações Unidas de Revisão de Durban, em Genebra mês passado.
"Como podem os clamores por justiça da liderança iraniana na esfera internacional ser levados a sério se eles não concedem justiça a seus próprios cidadãos? No Irã, direitos humanos sobre os quais há consenso universal são rotineiramente ignorados, não apenas para os bahá'ís mas também para mulheres, jornalistas e outros que buscam apenas dignidade e justiça”, afirma ela.
Segundo Iradj Roberto Eghrari, membro da liderança nacional bahá'í brasileira e Secretário Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo da Comunidade Bahá'í do Brasil, as atividades que as lideranças bahá'ís desenvolviam no Irã são muito semelhantes daquelas que grupos bahá'ís realizam em todo o mundo. “A diferença”, diz ele, “está no fato de no Irã as pessoas serem perseguidas por cuidar dos seus pobres, educar suas crianças e realizar atividades administrativas corriqueiras. No Brasil, temos uma comunidade muito ativa, com indivíduos que gozam dos mesmos direitos que qualquer outro cidadão. É assim que deve ser.”
As sete lideranças bahá'ís presas no Irã são: Sra. Fariba Kamalabadi, Sr. Jamaloddin Khanjani, Sr. Afif Naeimi, Sr. Saeid Rezaie, Sra. Mahvash Sabet, Sr. Behrouz Tavakkoli e Sr. Vahid Tizfahm. Todos, à exceção da Sra. Sabet, foram presos em 14 de maio de 2008 em suas casas em Teerã. A Sra. Sabet foi detida em 5 de março de 2008 enquanto estava na cidade de Mashhad.
Para mais informações, acesse http://news.bahai.org.
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