Cerca de 7 milhões de pessoas celebram no dia 21 de abril a declaração pública de Bahá’u’lláh, o mais recente Profeta da Era Moderna. Foi neste dia, em 1863, que Ele revelou à humanidade Sua missão como um Mensageiro de Deus, trazendo uma mensagem fundada nos conceitos da unidade de Deus, das religiões e da humanidade. Os doze dias que se seguem são considerados a mais importante celebração religiosa bahá'í, conhecida como o Festival do Ridván.
Nascido em Teerã em 12 de novembro de 1817, Bahá'u'lláh teve uma vida atribulada, sofrendo as mais diversas formas de perseguições devido aos ideais de unidade do gênero humano e da paz universal. Tal escalada de violência, infelizmente tão comum nos primórdios de todas as religiões mundiais, fez com que Bahá'u'lláh fosse exilado em 1853 da Pérsia para o Iraque. Dez anos depois, com a crescente animosidade e intolerância para com esta nova mensagem divina, o governo turco atendeu ao pedido do governo persa e baniu Bahá’u’lláh para Constantinopla.
Antes de Sua partida de Bagdá, o Fundador da Fé Bahá'í recebeu vários de seus discípulos e admiradores em um jardim na capital iraquiana, onde havia sido estabelecido um acampamento. Algum tempo depois, este lugar público de Bagdá recebeu o nome pelo qual é conhecido até os dias atuais: Jardim do Ridván.
A palavra Ridván em árabe quer dizer o mesmo que “Paraíso”. Bahá'u'lláh assim chamou aquele jardim devido ao clima agradável daqueles dias, à abundância de flores fragrantes, ao acesso à água corrente. Tudo isso contribuiu para que aquele período em que Bahá'u'lláh se despediu de seus muitos amigos e admiradores ficasse registrado como dias realmente memoráveis e especiais.
Estes últimos dias de Bahá'u'lláh em Bagdá, compreendendo o período que vai de 21 de abril a 2 de maio, marcam o momento em que Bahá’u’lláh declarou a vários de seus adeptos a boa nova de ser Ele o Prometido de todos os Profetas do passado. Desde então, devido à natureza dessa declaração, a data passou a ser um marco histórico e é celebrada anualmente por todos os membros da comunidade bahá'í mundial.
“Anualmente, durante o Ridván, bahá'ís no mundo inteiro realizam reuniões para elegerem as Assembleias Espirituais Locais e Nacionais”, conta Nader Vahdat, de 21 anos, membro da Comunidade Bahá'í de São Paulo (SP).
As eleições bahá'ís têm um teor altamente espiritual, uma vez que os representantes eleitos deverão cuidar de todos os assuntos referentes à sua comunidade pelo período de um ano. Não há candidatos, nem partidos ou coalizões: cada indivíduo maior de 21 anos tem a responsabilidade de votar e o potencial para ser votado, de acordo com suas capacidades.
“Os votantes devem em estado de oração, escolher nove pessoas que tenham capacidade reconhecida, lealdade inquestionável, abnegada devoção, mente bem treinada e experiência madura”, informa Walkíria Cardoso, da Comunidade Bahá'í de Maceió (AL), relembrando as orientações do Guardião da Fé Bahá'í, Shoghi Effendi, acerca das qualidades necessárias para se participar de uma eleição bahá'í.
Assinalando a dimensão histórica desse singular evento nos anais religiosos da humanidade, o próprio Bahá'u'lláh assim expressou: “A Primavera Divina já veio, ó Pena Mais Excelsa, pois o Festival do Todo-Misericordioso rapidamente se aproxima. Desperta e, perante a criação inteira, magnifica o nome de Deus e celebra Seu louvor, de tal modo que todas as coisas criadas se regenerem e se façam novas. Fala; não guardes silêncio. O Sol da beatitude brilha sobre o horizonte de Nosso nome, o Beatífico...”
Cerca de 57 mil bahá'ís brasileiros, residindo em centenas de cidades por todo o país, somam-se a seus irmãos de fé espalhados pelo globo em seu envolvimento em ações voltadas para a melhoria da sociedade em que vivemos. Por meio da realização de reuniões devocionais, onde são lidas orações e textos sagrados, abertas a participantes de todas as tradições religiosas, promove-se a compreensão e o entendimento entre indivíduos que buscam elevar suas mentes, evitando todas as formas de preconceitos e discriminações e assim vindo a religar-se à sua espiritualidade. Pela educação espiritual das crianças e adolescentes, independentemente de sua origem ou classe social, as comunidades bahá'ís oferecem as bases para a formação de um caráter nobre e reto, potencializando as capacidades dessa nova geração para servir à humanidade.
Destas atividades deriva um elevado grau de envolvimento nas principais questões que desafiam a humanidade nos dias atuais, eliminando os preconceitos que por tanto tempo ensejaram guerras e conflitos sangrentos à história humana, e favorecendo, ainda mais, a participação universal na tomada de decisões e colocando cada ser humano como protagonista da transformação social.
“Ao observador atento à marcha da história, é inescapável a percepção que o poder liberado pelas palavras e os ensinamentos trazidos por Bahá’u’lláh e demonstrados de forma tão fascinante ao longo de Sua existência inteiramente consagrada à unificação dos povos e raças da Terra que somos impelidos a uma vigorosa reflexão sobre o destino maravilhoso que o ser humano pode alcançar”, reflete o escritor e jornalista Washington Araújo, da Comunidade Bahá'í de Brasília (DF).
“O Festival dos festivais é um período que os bahá'ís do mundo recordam dos dias abençoados do início da Fé Bahá'í”, pondera Walkíria.
“Se Bahá'u'lláh não tivesse proclamado Sua missão na Terra, o mundo não teria ensinamentos correspondentes para a atual Era em que vivemos. Daí a extrema importância dessa data”, acredita o jovem Guilherme Leroy, de 20 anos, membro da Comunidade Bahá'í de Belo Horizonte.
Na compreensão bahá'í, cabe a cada indivíduo que tenha reconhecido a importância desses ensinamentos compartilhá-los com os que estão dispostos a contribuir com a construção de um nova civilização mundial, trazendo para o campo da realidade a antiga promessa de Cristo – “venha a nós o Vosso Reino e seja feita a Vossa vontade”.
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