Incêndios criminosos em propriedades bahá'ís têm o mesmo teor de preconceito que a destruição aos terreiros de umbanda
Uma recente onda de incêndios criminosos sobre empresas de propriedade bahá'í em Rafsanjan, no Irã, parece ser parte de uma campanha para romper relações entre os bahá'ís e muçulmanos na cidade.
Após cerca de uma dúzia de ataques a lojas – realizados desde 25 de outubro de 2010 – cerca de 20 casas e empresas bahá'ís receberam uma carta de advertência demandando que eles assinem um compromisso de "abster-se de estabelecer contatos ou amizades com muçulmanos" e do "uso ou contratação de estagiários muçulmanos". Os bahá'ís também são orientados a não ensinarem a sua Fé, inclusive na Internet.
"Por mais de dois meses, bahá'ís inocentes vêm tendo seus negócios incendiados. Alguns deles sofreram mais de um ataque incendiário em suas propriedades", disse Diane Ala'i, a representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas em Genebra. Segundo ela, "tudo o que isso demonstra para o mundo inteiro ver é a incitação ao ódio por motivação religiosa sendo fomentado por certos elementos na sociedade iraniana". Ala'i mencionou que os bahá'ís abordaram autoridades locais pedindo por uma investigação. "Mas nada foi feito", disse ela. "Inacreditavelmente, eles ainda foram acusados por alguns de provocar os incêndios sob a instrução de governos estrangeiros."
Um boletim publicado por uma fundação cultural muçulmana em Rafsanjan afirmou que os ataques têm sido provocados pelo fato de que alguns comércios foram "monopolizados" por bahá'ís na cidade. Um café pertencente a muçulmanos também foi incendiado após o boletim erroneamente identificá-la como propriedade bahá'í.
"A pressão econômica sobre a comunidade bahá'í do Irã já é crítica, com ambos, empregos e licenças de negócio, sendo negados aos bahá'ís", disse Diane Ala'i. "Estes ataques e as ameaças são ainda uma outra forma particularmente cruel de perseguição contra os cidadãos comuns, que estão simplesmente tentando ganhar a vida e praticar sua fé".
No Brasil, as religiões de matriz africana também são alvo de intolerância religiosa e do preconceito causado pela falta de informação sobre as diferentes religiões. A perseguição chega às vias de fato com o vandalismo a que são submetidos os terreiros de umbanda. Embora a liberdade de culto seja um direito garantido pela Constituição, não é o que acontece na prática, como afirma Mestre Aramati.
Segundo ele, há um domínio cultural religioso que contribui para fomentar esse preconceito. Aramati explica que a religião de matriz africana “é uma religião brasileira que busca a inclusão e atende sem direcionar raça, posição social, cor da pele e vê todos como espíritos iguais”. Ele completa que “a perseguição aos bahá'ís no Irã é a mesma perseguição aos membros das religiões de matriz africana no Brasil”.
O Brasil e o Irã nos dão exemplos nítidos de como o preconceito repercute em ações violentas que violam direitos humanos. Para a representante da Comunidade Bahá'í do Brasil, Daniella Hiche, “combater a violência isoladamente não resolverá o preconceito religioso. É preciso fomentar também o conhecimento sobre a diversidade religiosa para superar a intolerância, tanto no Brasil como no Irã. Amanhã, dia 21 de janeiro, comemoramos o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. É uma oportunidade para começar a reverter esta triste realidade que ainda afronta o direito a liberdade de culto e expressão”, afirma.
Em 21 de dezembro, a ONU confirmou uma resolução que expressa "profunda preocupação com progressivas e recorrentes violações graves dos direitos humanos" no Irã. A resolução condenou especificamente a discriminação contra as minorias do Irã, incluindo os membros da Fé Bahá'í.
Mestre Aramati faz parte da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino da Faculdade de Teologia Umbandista
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