Indivíduos bahá'ís por todo o país têm-se envolvido em movimentos pela liberdade e pelos direitos humanos no Irã, baseando sua atuação nos princípios da cortesia, do não-partidarismo, do respeito e da promoção da unidade. O ponto de vista bahá'í parte da premissa de que a aproximação entre países deve ser tomada como algo positivo, buscando a promoção dos direitos humanos, da justiça e da igualdade.
Brasil e Irã são países emergentes, com uma grande influência geopolítica, cuja atuação no cenário mundial tem aumentado consideravelmente nos últimos anos; e cujas populações são marcadas pela diversidade. Desta forma, é perfeitamente natural que a aproximação entre os dois ocorra, favorecendo o compartilhamento de boas práticas e verificando possibilidades de cooperação.
É preciso notar, porém, que o Brasil tem trabalhando no sentido de promover políticas que estimulem o respeito às diversidades, ampliando a participação de seus cidadãos e cidadãs nos processos de tomada de decisão e aumentando a consciência geral acerca da necessidade de se promover e respeitar os direitos humanos. Ao mesmo tempo, o Irã vem intensificando as restrições de direitos e as perseguições às minorias raciais, de gênero, etnia, orientação sexual ou identidade religiosa. Seus estudantes, jornalistas, trabalhadores e trabalhadoras em geral são impedidos de manifestar suas opiniões, sob pena de prisão, maus tratos, restrição de direitos civis e políticos, entre outras barbaridades.
A maior minoria religiosa presente no país – os bahá'ís – enfrentam as mais vastas consequências da discriminação religiosa, sendo impedidos de obter licenças de trabalho, acesso à educação e à justiça, para citar algumas das violações de seus direitos. Suas propriedades e locais sagrados são confiscados e depredados, e eles não podem exercer sua prática religiosa coletiva. Desde a Revolução Islâmica, datada de 1979, mais de 250 foram executados; de 2005 para cá, os números da perseguição têm aumentado de forma assustadora, contabilizando mais de 200 bahá'ís presos arbitrariamente, intimidados e molestados – tudo por não aceitarem negar sua fé. Suas instituições foram banidas e seus membros eleitos foram raptados e assassinados (1980) ou estão desaparecidos (desde 1981). Os sete ex-membros do grupo nacional que coordenava as atividades bahá'ís na ausência de uma instituição eleita foram presos arbitrariamente há mais de 18 meses, enfrentando condições gravíssimas de detenção; foram acusados indevidamente de atividades ilegais e tiveram seu direito de defesa constantemente obstaculizado; aguardam por um julgamento que não tem data para ocorrer, depois de ter sido adiado por três vezes. O grupo fora criado sob solicitação do próprio governo iraniano, com o qual mantinha comunicação constante desde a década de 1980.
Centenas de artigos, programas de rádio e televisão, postagens na web e folhetos com discursos incitando o ódio contra os bahá'ís têm sido divulgados na mídia controlada pelo governo nos anos recentes, sendo promovidos por clérigos e oficiais governamentais que seguem impunemente com suas atividades discriminatórias. Enquanto isto, os bahá'ís que buscam corrigir as informações falsas que são veiculadas nesses meios de comunicação são impedidos de defender a Fé, as Figuras Centrais e Sua história.
O Brasil, ao contrário, apresenta uma abertura gratificante para a promoção dos princípios e atividades bahá'ís. Com os seguidos Planos Divinos, as comunidades locais vêm realizando ações voltadas para o desenvolvimento de suas comunidades, contribuindo para o progresso da sociedade. Estas atividades são amplamente reconhecidas, tanto pela sociedade quanto pelos governos locais e federal.
A pergunta que paira no ar é: Qual a justificativa para esta diferença de tratamento? Por que os bahá'ís, na maior parte do mundo, são vistos como indivíduos de boa vontade, comprometidos com o avanço da sociedade, ao passo que no Irã – berço de sua amada Fé – são tratados de forma tão degradante?
Os governantes têm a responsabilidade de promover o bem comum, defendendo os interesses de seus cidadãos e estimulando a produção de riquezas e de conhecimento aliada ao desenvolvimento humano, com justiça e dignidade. Por este motivo, vemos com bons olhos a aproximação entre Brasil e Irã, na esperança de que o encontro entre os dois Presidentes possa estimular mudanças sensíveis nas políticas públicas iranianas. Nossa expectativa é que possa ser garantida a todas e todos os iranianos – como no Brasil – a oportunidade de servir ao seu país com o melhor que puderem oferecer.
Maiores informações:
Secretaria Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo - SASG
+55 (61) 3364 3594 / secext@bahai.org.br
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