"Fiquei feliz porque eu sabia que era um bom resultado e que então tinha pontuação suficiente para cursar qualquer matériaI que eu quisesse", colocou o estudante de 18 anos em um blog recentemente.
Ele não compreendeu por que, então, ele ainda assim não foi aceito em nenhuma das faculdades até o mês de dezembro passado. Ele telefonou para a Organização Nacional de Medidas e Avaliação Educacional (da sigla em inglês EMEO), que administra o exame, e conversou com um oficial de alto escalão.
O oficial também ficou confuso – até que o Sr. Rahmaniyan disse que é bahá'í.
"Logo após eu pronunciar a palavra 'Bahá'í,' ele encerrou a ligação", escreveu o jovem.
Então ele recebeu uma carta da EMEO.
"Respeitosamente, em resposta à sua solicitação para a emissão de seu boletim de desempenho no vestibular do ano de 2007, gostaríamos de informar que devido ao fato de o Senhor ter uma ficha incompleta, a emissão de tal documento não será possível", dizia a carta.
Esta é uma das muitas histórias ocorridas no Irã nos meses recentes que destacam a mais nova tática utilizada pelo governo iraniano em sua longa campanha para bloquear os bahá'ís do acesso à educação superior: alegar que suas fichas de avaliação estão de alguma forma “incompletas".
Quase 800 dos mais de 1.000 bahá'ís que se inscreveram e devidamente realizaram o exame vestibular em junho de 2007 foram informados de que suas fichas estão "incompletas" – o que impede a sua matrícula.
"Estes últimos números mostram que, apesar de continuar negando o fato, o governo iraniano continua com sua campanha para impedir os bahá'ís de cursar a universidade”, disse Diane Ala'í, a representante da Comunidade Internacional Bahá'í para as Nações Unidas em Genebra.
"A tática de alegar que as fichas de avaliação dos estudantes bahá'ís estão de alguma forma “incompletas” é mais uma artimanha utiliada pelo governo para agir como se respeitasse os direitos humanos enquanto continua acobertadamente com sua perseguição aos bahá'ís", disse a Sra. Ala'í, reforçando que nenhum dos quase 900 bahá'ís que fizeram o vestibular em 2006 receberam uma notificação de "fichas incompletas".
Por mais de 25 anos os bahá'ís têm sido banidos de universidades publicas e particulares no Irã. Após enorme pressão das Nações Unidas, de governos e de organizações acadêmicas, educacionais e de direitos humanos, o governo iraniano indicou em 2004 que não mais perguntaria aos candidatos ao vestibular sobre sua filiação religiosa, o que pareceu abrir as portas para as inscrições de bahá'ís.
A casa ano desde então, porém, o governo – que têm ativamente conduzido uma campanha para identificar todos os bahá'í no Irã e portanto tem a capacidade de alvejar os estudantes universitários bahá'ís – surgiu com algum tipo de obstrução.
Mais Detalhes
Para o ano acadêmico de 2006-2007, a principal tática utilizada para privar os bahá'ís do acesso à educação superior foram as expulsões.
Os estudantes foram expulsos assim que suas identidades como bahá'ís tornaram-se de conhecimento dos oficiais universitários.
Ficou confirmado que tais expulsões refletem a política governamental quando foi descoberta uma carta confidencial datada de 2006 do Ministério Iraniano de Ciência, Pesquisa e Tecnologia instruindo as universidades iranianas a expulsar qualquer estudante que fosse descoberto como sendo bahá'í.
Estudantes bahá'ís têm falado sobre isso em blogs e outros foruns de discussão. Não obstante, seus nomes têm sido omitidos a fim de proteger suas identidades.
Em outubro, um estudante de Hamadan que havia sido expulso em 2007 contou como vários estudantes bahá'ís desejavam continuar sua educação em parte para poderem ajudar no desenvolvimento de seu país.
"A fim de melhor desempenharmos nosso papel na reforma e na distinção edsta terra sagrada, nós pedimos aos respeitados oficiais que removam todos os obstáculos para o ingresso e continuidade da educação dos estudantes bahá'ís e amantes do conhecimento em todas as universidades no país”, disse ele.
Em fevereiro de 2007, uma jovem mulher escreveu para um funcionário de alto escalão para perguntar-lhe por que ela havia sido subitamente expulsa da Universidade Payame Noor.
"De que crime eu fui acusada?", ela perguntou. "Depois de tantos anos desejando receber educação universitária, finalmente recebi permissão para me matricular em uma universidade este ano. Entretanto, fui expulsa por causa de minha religião após ter frequentado as aulas por apenas algumas semanas."
Conforme assinalado, para o período acadêmico de 2007-2008, dos mais de 1.000 estudantes que se inscreveram e devidamente completaram as provas do vestibular, quase 800 foram exluídos por causa de “fichas incompletas”.
O Sr. Rahmaniyan soube de suas ótimas notas por meio de uma postagem na Internet em setembro. "Fiquei com o 54° lugar na cota regional e com o 76° na colocação national", ele postou em um blog.
"Logo depois, descobri que a maioria dos jovens bahá'ís da minha idade não puderam ver suas notas porque tinham o que havia sido chamado de “fichas incompletas”, ele escreveu. "Minha alegria se transformou em pesar..."
A Sra. Ala'í assinalou que o caso do jovem Rahmaniyan não é incomum. Muitos bahá'ís este ano, assim como em anos passados, obtiveram boa pontuação no vestibular nacional mas não tiveram permissão para se matricular, apesar de outros estudantes com pontuações mais baixas terem sido matriculados, disse ela.
"A baixa percentagem de bahá'ís na universidade no Irã não se deve a baixas pontuações ou a desempenhos acadêmicos insuficientes”, disse a Sra. Ala'í. "Acontece simplesmente que o governo buscou, por vários meios, impedir os bahá'ís de se matricular ou de permanecer nas universidades."
Em 2004 e 2005, ela informou, os bahá'is foram impedidos de se matricular porque o governo lhes devolveu suas provas com a identificação “Islã” impressa no campo de identificação religiosa. Aquilo foi inaceitável para os bahá'í até que ficou esclarecido que a anotação significa apenas que o estudante passou na seção da prova relacionada com o Islã, e não indicava a religião do candidato.
"Apesar de repetidos protestos advindos de acadêmicos, oficiais universitários e estudantes universitários de vários países ocidentais – sem mencionar as resoluções das Nações Unidas e os esforços de organizações de direitos humanos – o Irã tem claramente continuado com sua campanha para impedir os bahá'ís de obter acesso ao ensino superior, mesmo que eles afirmem que não exista este tipo de discriminação.
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